Dentre as mais de 6 mil espécies conhecidas de tripes, cerca de 300 delas possuem um hábito curioso: através de sua alimentação, estes tripes induzem mudanças no tecido vegetal, formando estruturas denominadas galhas. As galhas podem ter diversas formas, como enrolamentos, dobras da borda da folha, “bolsões” ou “verrugas”, rosetas, entre outras. Todas estas galhas possuem duas características em comum: uma câmara (parcial ou totalmente fechada) que serve de lar para os tripes; e paredes engrossadas servem de alimento para estes insetos.
Os tripes não são os únicos organismos que induzem a formação de galhas. Diversos outros seres vivos, desde insetos como alguns dípteros e himenópteros, a algumas bactérias e fungos, são capazes de causar este tipo de modificação no tecido vegetal. Porém, os tripes se diferenciam dos outros insetos galhadores por criarem esta estrutura através de sua alimentação. Além disto, reúnem múltiplos indivíduos dentro da mesma galha. Há registros de galhas com milhares de indivíduos de tripes vivendo em seu interior!
Mas, qual a vantagem de viver dentro destas estruturas vegetais? Da mesma maneira que uma casa nos mantém protegidos da chuva, vento e outras condições do ambiente, a galha fornece proteção aos tripes que nela vivem. Dentro da galha não há chuva, ventos fortes, excesso de luz, predadores, ou outras coisas que são negativas para o desenvolvimento e sobrevivências dos tripes. Deste modo, eles podem gastar menos tempo e energia procurando um ambiente favorável ou fugindo de predadores, e passar mais tempo se alimentando ou procurando um parceiro reprodutivo.
As imagens mostram algumas galhas induzidas por espécies do gênero Holopothrips, o principal grupo de tripes galhadores das Américas!
Postagem originalmente feita nas páginas do Laboratório de Entomologia Sistemática (LES) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Repostado aqui com permissão dos autores.