Os Tripes do Brasil
Identificação, Informações, Novidades

A fauna brasileira

 

A fauna de Thysanoptera do Brasil é uma das mais diversas no planeta. Mais de 530 espécies foram descritas com base em material coletado em território brasileiro, e atualmente cerca de 700 espécies são registradas para o país (consulte aqui). Esse número representa mais de 10% do total de espécies descritas para a ordem. Além da grande riqueza de espécies, a fauna brasileira de tripes é diversa em termos de ecológicos e de histórias de vida. Abaixo você encontrará informações sobre os principais aspectos da fauna de Thysanoptera do Brasil.

 

Os estudos com tripes no Brasil

A maioria das espécies de tripes de tripes do país foi descrita por pesquisadores do hemisfério norte no século passado. Dois pesquisadores norte-americanos merecem destaque por suas contribuições taxonômicas: James Douglas Hood (Cornell University, New York) e Dudley Moulton (United States Department of Agriculture, California).

 

Hood descreveu mais de 320 espécies de tripes do Brasil, principalmente a partir de material coletado por Fritz Plaumann em Nova Teutônia (hoje município de Seara) em Santa Catarina. Ele fez ainda algumas expedições para o Rio de Janeiro e Pará na década de 1950, aonde descreveu inúmeras espécies de tripes. Curiosamente, Hood nunca publicou chaves de identificação que auxiliasse no reconhecimento destas espécies, embora algumas delas tenham sido ilustradas detalhadamente. Atualmente, o material descrito por ele está depositado na coleção do United States Department of Agriculture (Maryland, USA) sob a responsabilidade do United States National Museum.

 

Moulton descreveu dezenas de espécies do Brasil, das quais cerca de 45 são consideradas válidas. A maioria desta espécies foram descritas a partir de coletas na região sudeste. Moulton foi o primeiro pesquisador a publicar chaves que permitiam identificar as espécies brasileiras, como por exemplo as chaves para as espécies de Frankliniella (Moulton 1948) e Liothrips (Moulton 1933). Embora tenham sido importantes há algumas décadas, estas chaves já não permitem reconhecer com precisão as espécies destes grupos. As espécies descritas por Moulton encontram-se depositadas na coleção da California Academy of Sciences, Entomology.

 

O número de estudos sobre Thysanoptera por pesquisadores brasileiros começou a crescer a partir da década de 1990. Durante este período surgiram grupos de pesquisa na ESALQ (Piracicaba), UFRGS (Porto Alegre) e UFU (Uberlândia) através da colaboração de pesquisadores internacionais. A partir destas colaborações, inúmeras contribuições sobre aspectos taxonômicos, biológicos, ecológicos foram produzidas no país. Mais recentemente, grupos de pesquisa no Norte (INPA, Manaus) e Nordeste (UFPI, UECE, UESB) estão consolidados produzindo pesquisas com tripes no país.

 

 

Uma riqueza subestimada

Historicamente, a fauna de alguns biomas e regiões brasileiras nunca foi apropriadamente investigada (Monteiro 2002). A maior parte dos estudos taxonômicos e faunísticos foi realizada nas regiões Sul e Sudeste, e apenas parte destas pesquisas foram desenvolvidas em ambientes naturais. Estudos com Thysanoptera em biomas representativos do país, como a Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica são escassos.

 

A diversidade de Thysanoptera em galhos e folhas mortas na região Amazônica é impressionante. Em uma rápida amostragem nesse micro-habitat é possível observar uma grande abundância de Tubulifera fungívoros, principalmente Idolothripinae (Diceratothrips  Elaphrothrips spp.) e Adraneothrips spp. No entanto, a fauna de tripes fitófagos na Amazônia é difícil de ser amostrada e estudada. A vegetação no interior da floresta é composta por árvores de grande porte, e provavelmente a maior parte da fauna de tripes fitófagos viva no dossel.

 

O Cerrado ocupa cerca de 25% do território brasileiro e parece ser um bioma com uma grande diversidade de interações ecológicas envolvendo tripes. Observações neste bioma sugerem um grande número de espécies de tripes galhadores do gênero Holopothrips, principalmente em folhas de Myrtaceae e Vochysiaceae. Os tripes da família Heterothripidae são especialmente ricos em abundantes em flores de Malpighiaceae no Cerrado, e sua biologia está intimamente associada à floração sequencial destas plantas (Alves-Silva 2010). Os tripes ectoparasitas do gênero Aulacothrips são particularmente comuns no Cerrado, aonde infestam uma grande diversidade de cigarrinhas que possuem associações mutualísticas com formigas (Cavalleri et al. 2010, Alves-Silva & Del-Claro 2011).

 

A Mata Atlântica se destaca por sua grande diversidade biológica e elevado endemismo de muitos grupos de plantas e animais. A associação entre Thysanoptera e plantas nesse bioma também é pouco conhecida. Algumas famílias como Bignoniaceae, Lauraceae, Melastomatacae e Myrtaceae parecem suportar uma grande riqueza de tripes fitófagos. Estudos indicam ainda que os tripes atuem como polinizadores em muitas espécies de Mollinedia (Monimiaceae) e Ocotea porosa (Lauraceae), uma espécie ameaçada de extinção na Mata Atlântica (Danieli-Silva & Varassin 2013; Silveira 2014). Outra característica marcante é o grande número de espécies de tripes galhadores do gênero Holopothrips nessas áreas, embora muitas delas ainda aguardem descrição. Os tripes do folhiço são particularmente diversos na Mata Atlântica, especialmente os Phlaeothripidae fungívoros da ‘tribo’ Glyptothripini. Por exemplo, Hood descreveu mais de 30 espécies destes tripes associados à serapilheira em uma área de floresta de apenas 50km2 em Santa Catarina (Mound 1977). Embora apresente uma grande riqueza de espécies, estudos indicam que a abundância destes tripes no folhiço é curiosamente baixa (Santos 2016).  

 

A comparação da fauna de Thysanoptera do Brasil com países e regiões vizinhas ainda é limitada devido à escassez de estudos nessas áreas. Na América do Sul, apenas a Argentina possui uma lista de espécies, aonde cerca de 120 espécies são registradas (De Borbón 2008). Nos demais países, apenas trabalhos pontuais com determinados grupos taxonômicos específicos (e.g. Frankliniella) foram realizados. Ao todo, são registradas informalmente cerca de 990 espécies de tripes da América do Sul, 800 destas descritas da região. Não é possível predizer quanto da fauna ainda aguarda ser descoberta, mas o número de espécies certamente é grandemente subestimado.


Publicado em: 16/11/2016
Postado por: Adriano
Tags: Diversidade, espécies, distribuição

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